Precisamos sempre lembrar de tudo o que ainda nos separa quando pensamos em adoção no Brasil, do seu papel na nossa sociedade, e também daquilo que nos une.
Deve nos unir a consciência que temos do valor de uma família para uma criança. Pode nos separar, as diferentes as diferentes análises e avaliações quanto à possibilidade de manutenção, ou não, dos vínculos entre uma criança e sua família de origem, da necessidade, ou não, de colocação em uma família substituta, das chances de êxito na procura de candidatos capazes de assumir os desafios das adoções de crianças maiores, de grupos de irmãos, de crianças com necessidades especiais.
A cultura da adoção que precisamos construir no Brasil, a partir da experiência de todos os que vivem suas diversas expressões, é a cultura que constrói o diálogo entre dois universos:
- o do desejo dos candidatos e da naturalização do abandono;
- O da sociedade,que busca novos métodos para lidar com as famílias em situação de risco, desenvolvendo mecanismos de solidariedade e implementando políticas públicas que as permitam manter o vínculo com seus filhos
Criar possibilidades de diálogo entre esses dois universos é o que nos permitirá construir uma cultura da adoção que possa ser aceita e assimilada pelo conjunto da sociedade. E esse trabalho de longo prazo enfrentará dificuldades e resistências, não poderá prever nem garantir resultados imediatos, será um desafio permanente.
Precisamos sempre considerar o pluralismo e a complexidade da sociedade brasileira, suas profundas diferenças, suas imensas contradições, suas graves injustiças.
Podemos e devemos criar um intercâmbio permanente de ideias e experiências. Muito já se avançou nos anos recentes, aumentou significativamente o grau de consciência com relação às nossas responsabilidades com relação ao abandono de crianças e adolescentes, e de suas famílias. Precisamos fortalecer a luta pelo direito à convivência familiar e comunitárias de todas as nossas crianças e adolescentes, precisamos acordar as consciências adormecidas, precisamos combater a insensibilidade e a indiferença. Renovar, arejar, semear, humanizar, continuam a ser propostas urgentes e necessárias.
Dia Nacional, para que todas as crianças sejam filhos.